HOJE: TEMPO

ONDA#12
Vamos falar sobre o HOJE em 3 tempos: PASSADO, PRESENTE e FUTURO. A intenção é mostrar o como esses tempos estão interligados e interagindo em todos momentos e como o agora é muito mais uma noção de movimento e de ESPAÇO, do que uma real noção de tempo.

EDITORIAL

Se o advento de um mundo conectado pulverizou as fronteiras e a nossa própria noção de espaço, possibilitando a comunicação imediata entre distâncias que antes se tornavam barreiras para o ser humano, nunca o Passado, o Presente e o Futuro estiveram tão próximos.
Durante a ONDA#12: HOJE, o Passado, o Presente e o Futuro se encontrarão e compartilharão o estúdio do ATRAVES\\.
Serão três curadores convidados pelo ATRAVES\\ que escolherão artistas:
Para o momento Passado, as tecnologias de registro serão as formas de representar a memória, nosso reencontro com aquilo que um dia existiu e foi gravado.
Para o momento Presente, a produção de um texto teatral registrará nossa capacidade de criar outras realidades ficcionais, simulacros que reinterpretam o mundo em que vivemos.
Para o momento Futuro, olharemos para as perspectivas do mundo da arte, suas novas possibilidades e suas tendências.
Convidamos você para acompanhar nossa jornada pelo tempo e os processos artísticos de nossos convidados no mesmo espaço na ONDA#12 – HOJE.

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DIÁLOGOS DE ABERTURA

Para abrir nossa mente, adubar nossas ideias e alimentar as nossas discussões, convidamos os acadêmicos Rúrion Mello e Kátia Canton para falar sobre questões ligadas ao tema HOJE. A maneira como lidamos com o tempo e como o próprio conceito de tempo se alterou ao longo dos séculos foi debatido com os convidados.

“O presente guarda em potencial o futuro mas o futuro não está decidido. É isso que está em jogo, não há plenitude. Se o futuro já está preenchido de sentido, não há porque continuarmos agindo, vivendo.”
– Rúrion Mello
“As coisas só existem porque existiam sonhos que se concretizaram. Quando não sabemos mais o que é o presente, como poderemos projetar um futuro?”
– Katia Canton

Depois foi a vez da cineasta Adriana Dutra compartilhar com a gente a experiência de realizar o seu documentário ‘Quanto Tempo o Tempo Tem?’, filme fundamental para entender as transformações que estamos vivendo em relação ao tempo.

Por último, conversamos com a jornalista Cláudia Fusco sobre a maneira como a ficção científica projeta as possibilidades do futuro da humanidade e quanto que essas visões dizem mais sobre o nosso próprio presente.

“Nós tínhamos uma visão do futuro que se consolidou: a criação dos computadores, dos aviões… Mas esse futuro que se coloca à nossa frente agora é desconhecido, pois se renova constantemente. São revoluções que se sucedem.”
– Adriana Dutra
“Em questão de século, nossa visão do que será o futuro se alterou drasticamente. Em alguns momentos foi extremamente positiva, mas também variou para o oposto. Nossa visão do futuro é sempre uma análise a partir do presente.”
– Cláudia Fusco

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O que ficou no PASSADO:

Maurício Pisani finalizou sua “busca” pelo exilado político brasileiro Gonçalo Dias. Suas atualizações por mensagens de vídeo direto da Bulgária, postadas no STORIES do Instagram (que desaparecem com o tempo), funcionaram como forma de discutir como se verifica verdadeiro ou falso em um mundo saturado de imagens, sendo que o próprio desaparecimento de Gonçalo Dias era na verdade uma história inventada pelo artista.

Além disso, a partir do convite realizado por Pisani, curador do MOVIMENTO PASSADO, entrevistamos o fotógrafo André Penteado e conversamos sobre a vocação natural da imagem fotográfica em evocar o passado.

“Eu investigo o que nos liga ao passado. Primeiro, eu estudo sobre um assunto, entrevistando historiadores. Faço uma lista de fotografias possíveis e de lugares para ir. Ou procuro por descendentes, familiares. Eu fotografo tudo que me interessa. Depois, me mantenho como um arqueólogo, tentando encontrar ligações possíveis entre as imagens realizadas.”
– André Penteado

REMIX DO PASSADO:

Inspirados pelos vídeos enviados por Maurício Pisani, o músico Zé Cafofinho e o artista plástico Mozart Fernandes criaram os REMIXES DO PASSADO. Foram duas traduções para a busca de Pisani: Cafofinho criou uma música sampleando suas mensagens, enquanto Mozart criou uma vídeo instalação em nosso estúdio.

Pisani entrou em contato com um outro tipo de produção audiovisual: Os STORIES surpreenderam-no pela quantidade de pessoas que se mobilizaram e acompanharam sua viagem, mas também levantou a questão se elas acompanhavam o interlocutor ou sua narrativa:

“Apesar da questão de registrar e sumir, as pessoas que te acompanham tornam concreto o compartilhamento daquele momento.”

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O PRESENTE se desenvolve:

Os atores Victor Coelho, Dani Mustafci e Vera Bonilha dirigidos por Jairo Mattos e acompanhados pela dramaturga Cláudia Vasconcellos desenvolveram e ensaiaram a peça teatral ‘DESIGUAL’ pelo período quatro semanas no estúdio do ATRAVES\\.

“Poder assistir a minha atuação dá uma perspectiva única. É a possibilidade de se ver e entender como estamos atuando.”
– Dani Mustafci
“Nós estamos achando que o cubo proposto pelo espaço do ATRAVES\\ pode vir a ser a cenografia da peça. Ele tem sido determinante para encontrar nossos espaços.”
– Vera Bonilha

Inicialmente focados no desenvolvimento do texto, realizaram leituras. Depois, a peça começou a tomar corpo em seus ensaios, com o acompanhamento de efeitos sonoros.

Cláudia convidou o ilustrador Rica Ramos para realizar sua técnica de speed painting durante os ensaios. Ele desenhou e projetou ao vivo inspirado pelo texto. Outros convidados foram o compositor Marcelo Amalfi, que contribuiu com a trilha sonora da peça e o produtor cultural Bruno Otávio, responsável por captar recursos para a produção.

“É muito legal poder rever os ensaios. Temos pequenas mudanças que ficaram registradas. Além disso, o registro do material é muito interessante como marca do nascimento do processo.”
– Cláudia Vasconcellos
“A relação com as câmeras, a cenografia, o branco do estúdio… Tudo mudou a maneira que trabalhamos, tornaram-se estímulos. As câmeras exerceram um estímulo inconsciente para todos os atores. Após um estranhamento inicial, eles cresceram muito.”
– Jairo Mattos

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O FUTURO está por vir:

O curador do Movimento FUTURO é o marchand João Correia. Ele veio falar sobre quais são as manifestações artísticas e as tendências que se apresentam como o futura da arte, além de compartilhar o que o motivou a se tornar um marchand. Realizou uma performance a partir de um trecho do livro ‘Trópico de Câncer’, de Henry Miller.

“O Picasso levou 30 anos para ser aceito na Bienal de Veneza. Cézanne foi considerado o ‘fim da civilização’. Muitas das coisas que me interessam, as pessoas olham e falam que não é arte.”

– João Correia

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ENCERRAMENTO

Como passamos a entender após todas essas convivências e conversas que tivemos, todo fim guarda em si a semente para um novo começo.

Veja a taróloga Paula Badu explicando a relação das cartas com o tempo e um pouco da dinâmica e arte da sua leitura.

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ARTISTAS e COLABORADORES

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RE-INPIRAÇÕES

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